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Foto: Pimenta

Cinema

 

Jair Correia fez documentários e tem três filmes de longa metragem, cuja apreciação inesperada, ao sabor do acaso, levou-nos à descoberta, de um talento de cineasta como poucas vezes vimos aparecer no cinema do Brasil, em toda a existência desse cinema. Na verdade, essa descoberta, para nós, constituiu um impacto como dificilmente o esperaríamos, como jamais supúnhamos nos fosse oferecer a apreciação de filmes de alguém de cuja existência artística ou profissional

pouco ou nada nos havia transpirado.

Conhecemos porém seus filmes: três longa metragens e dois documentários. E seu cinema está entre o que de mais importante o Brasil realizou nos últimos tempos. Ou melhor, em qualquer tempo. Seus dois documentários sobre arte - "A ARTE NA MADEIRA DE AGENOR" e "A ARTE NO MÁRMORE" - focalizando obras de artistas primitivos revelam-nos um cineasta com uma preocupação e uma sensibilidade diferente da média em relação as outras artes que não só cinema. E essa qualidade não muito encontradiça em nosso apressado e despreparado meio atinge já sua plenitude quando Jair Correia realiza seu primeiro filme de enredo e longa metragem.

"DUAS ESTRANHAS MULHERES", integrado por duas histórias, "Diana" e "Eva", o filme. Filme de estreia e já definitivo. Totalmente logrado. Sobre duas mulheres? Não. Mais sobre dois homens, mais sobre o sobrenatural, o desdobramento de personalidade, o mundo do sonho.

Mais sobre o fantástico que é a realidade.

"Diana", a história de uma mulher cujo casamento problemático e até então medíocre, repentinamente vê-se complicado e redimido, e ao mesmo tempo levado a novo impasse e logo, ao desfecho trágico, quando o "alter ego" do marido começa a revelar-se intermitentemente, já é um impacto, já o ironizador do colapso do mundo dos homens e da justiça que estes criam; o "close" do juiz lendo a sentença é uma síntese, uma "ressuscite" total, "máxime" tratando-se

de cinema feito em nosso país.

Mas sem que "Diana" lhe seja inferior é com "Eva" que Jair Correia revela-se mais complexo e por inteiro. A narrativa agarra o espectador e só o larga ao seu término tomando-o daquela mesma espécie de choque elétrico com que o fazia "O Homem dos Olhos Esbugalhados" (The Stranger of The Thrid Floor) o desconhecido clássico de Boris Ingster, em 1940. Ou como "Retrato de Mulher" (The Woman in the Window) de Fritz Lang em 1944.  Ou ainda, como em 1947 a limitada assistência do antigo "Clube de Cinema de São Paulo", numa salinha de repartição pública, na Rua Antônio de Godoy, viu "Na Solidão da Noite" (Dead of Night), filme inglês também pertencente ao gênero fantástico, igualmente revelou-se a uma plateia só então deslumbrada e ufana porque de seu grupo de quatro diretores, fazia parte um brasileiro: Alberto Cavalcanti.

Muitos filmes estrangeiros têm lidado, têm manipulado e revolucionado a linguagem cinematográfica, libertando-a da obrigação da linearidade: "India Song", francês de Marguerite Duras, "Três Caminhos Levam ao Lago", alemão do desconhecido Michael Haneke, quase todos os que recentemente aqui conhecemos de Carlos Saura ("Cria Cuervos", "Elisa Minha Vida", "Ana e os Lobos", etc.) e outros mais.

É certo que esta renovação talvez comece com "Morangos Silvestres", em 1958, de Bergman, sem falar da óbvia e deliberada de "Cidadão Kane", de Welles, em 1941.

Mas no cinema brasileiro, nada de tão próximo e tão empolgante tivemos, quando em "Eva"  o sonho dentro do sonho, que aliás pode não sê-lo, o da transferência desse sonho, ou melhor, desse pesadelo para uma realidade que também pode não ser real e cujas peças de xadrez (as personagens) transferem-se de uma dupla de personagens (estamos resistindo à tentação de escrever "duplo" e assim relacionar tudo com a indagação de Otto Rnak) para outra, até desaguarem numa nova realidade - ou mais um sonho? - onde as coisas irão recomeçar e assim recair de novo no plano da alucinação em potencial, no domínio do infinito.

Hoffmann? Le Fanu? Bem. O novo cineasta não os desconhece e isso é mais um lado ao seu favor.

RUBEM BIÁFORA - O Estado de São Paulo

DUAS ESTRANHAS MULHERES

 

Meios tons, reticências, informações sutilmente destilados, climas e atmosferas construídas com um olhar, um gesto, uma expressão: o cineasta Jair Correia. De "Duas Estranhas Mulheres", revelou nos dois contos que compõe este filme, o autor literário fascinado pela paisagem humana. Fascinação que o conduz através não apenas dos seus acidentes obviamente geográficos, mas lhe empresta as chaves para que ele possa penetrar a verdadeira essência desta paisagem. Vida, morte, desejo, o de que o autor se serve para a construção de um espelho revelador, que, ao nos devolver nossa imagem aparentemente distorcido, nos faz lembrar o quanto ainda somos secretos,

desconhecidos, não-descobertos.

(EDMAR PEREIRA - Jornal da Tarde)

Nas cartilhas da minha infância Eva via a ave. A Eva de Jair Correia vê muitas outras coisas, num labiríntico jogo de espelhos onde seu tempo, não mais o do Paraíso,

também não é o do nosso cotidiano.

Imagens de um Tempo não identificado insistem em se misturar, como se as vidas fossem combinações de cartas de baralho que mão estranha distribui

de forma diferente a cada nova jogada.

E a cada nova jogada sujeito e objeto das ações podem variar, sem necessidade de qualquer explicação lógica. Quem? Como? Por que? Quando? E onde?

São Questões nunca definitivamente respondidas. Todas essas ambiguidades, porém, não turvam a narrativa clara e precisa. Apenas servem para estimular a nossa reflexão

quando a história chega ao fim. Fim?

(JOÃO CÂNDIDO GALVÃO - Veja)

DUAS ESTRANHAS MULHERES

um filme de Jair Correia

Argumento e roteiro:

Jair Correia

Direção de Fotografia:

Tony Rabatoni

Música:

Excertos de Tchaikovski, Rinsky-Korsakoff, Prokofiev, Scriabin,

Dvorak, Lizst, Alban Berg, Vivaldi e Elmore James.

Figurinos:

Aurea Lima

Cenografia:

Jair Correia e Roberto Palma

Montagem:

Jair Correia

Produtor Executivo:

Cassiano Esteves

Elenco:

Hélio Porto, Patricia Scalvi, Sérgio Paula, Paulo Minervino,

John Doo, Fátima Celebrini, Vandi Zaquias, Misaki Tanaka e outros

Direção:

Jair Correia

Um filme nosso, por todos os títulos, absolutamente obrigatório.

Nota máxima.
Rubem Biáfora - O Estado de São Paulo

RETRATO FALADO DE UMA MULHER SEM PUDOR

 

Um filme que pretende discutir algumas das injustiças de nossa sociedade,

RETRATO FALADO DE UMA MULHER SEM PUDOR vem a calhar para lembrar que a obra de arte, desde que não constitua uma reflexão do artista sobre seu umbigo, é algo vital para o progresso dos costumes e da própria sociedade.
(RICARDO BONALUME NETO - TSA)

Para "RETRATO FALADO ..." poderíamos falar no processo narrativo de flash-backs de "Cidadão Kane" (mas não da mesma forma como um filme argentino de Libertad Lamarque em 42 o imitava), podemos encontrar pontos de ligação com "Laura", o clássico thriller com Gene Tierney em 44, coisas que são capitais, mas não bastam para dar ideia de expressão e valores peculiares e próprios desse novo filme brasileiro.
(RUBEM BIÁFORA- O Estado de São Paulo)

RETRATO FALADO DE UMA MULHER SEM PUDOR

Roteiro:

Hélio Porto

Direção de Fotografia:

Tony Rabatoni

Música:

Egberto Gismonti

Abertura:

Darcy Penteado

Montagem:

Mauro Alice

Produtor Executivo:

Gelson Nunes e Silvio França Torres

Elenco:

Paulo Cesar Pereio, Jonas Bloch, Imara Reis, Monique Lafond,

John Herbert, Nicole Puzzi, Serafim Gonzales, Luis Carlos de Moraes,

Zélia Toledo e outros

co-Direção:

Hélio Porto

Direção:

Jair Correia

Um policial psicológico: ótimo.
Lauro Machado Coelho - Jornal da Tarde

SHOCK

 

Depois de Duas Estranhas Mulheres e Retrato Falado de Uma Mulher Sem Pudor,

não se poderia ter quaisquer dúvidas que Jair Correia é um dos melhores novos cineastas da nova geração do cinema nacional, um dos poucos que conseguem empreender carreira sem conceder aos baixos mercantilismos que estão em deplorável voga.
(JOSÉ JÚLIO SPIEWAK - Jornal da Manhã)

Pode-se dizer que este é o primeiro filme de suspense e terror do cinema brasileiro. Se existiram outros, certamente não podem se igualar a este trabalho surpreendente do diretor Jair Correia, onde o clima de medo e angústia supera todas as expectativas e derruba dignamente

o preconceito de que o cinema nacional não possui qualidade.
SHOCK possui um nível técnico de ótimo acabamento desde a fotografia à trilha sonora composta especialmente para aumentar o suspense, até os letreiros impecáveis e, fundamentalmente, o excelente som, sempre o grande deslize do cinema brasileiro.

(GRAÇA PERRI - Manchete)

Um filme produzido com dignidade, competência e talento. Que sirva de exemplo.
(JAIRO ARCO E FLEXA - Folha da Tarde)

SHOCK - Um suspense nacional provoca surpresa em Cannes

Derrubando todos os preconceitos de que o cinema nacional não possui qualidade, Shock é o primeiro filme de suspense e terror do cinema brasileiro. Se existiram outros, certamente não se igualaram a este trabalho surpreendente do diretor Jair Correia, onde o clima de medo e angústia supera todas as expectativas deixando a platéia ansiosa e arrepiada.
Shock possui um nível técnico de ótimo acabamento, desde a fotografia à trilha sonora composta especialmente para aumentar o suspense, até os letreiros impecáveis e fundamentalmente a qualidade do som (excelente, coisa rara na cinematografia nacional). Por tudo isso, na recente mostra paralela do último Festival de Cannes, Shock alcançou todas condições exigidas para a sua comercialização em grande parte do mundo, sendo, inclusive, convidado a participar do Festival Internacional de Cinema Fantástico e de Terror Sitges-Barcelona, na Espanha, como um forte candidato ao primeiro prêmio.
Gênero raro no cinema nacional, Shock mostra um grupo de jovens envolvidos em uma trama fatal e diabólica após uma festa numa casa de campo, quando um louco assassino, criando situações de medo, paranóia e desespero, elimina um por um dos personagens.Sobrevive apenas uma das jovens em total estado de alucinação, levada a reconhecer o suspeito preso pela polícia, ao amanhecer. Shock se destaca das demais produções brasileiras ou estrangeiras não só pelo gênero suspense, mas sobretudo pela sua linha terror/humana, não apelativa ao sobrenatural, comum em quase todas as produções dos últimos 20 anos.
O filme conta com boas interpretações. A atriz Claudia Alencar, numa trajetória que vai do humor ao terror, traz um final surpreendente. Aldine Müller, Mayara Magri e Sílvia Mazza tragicamente destruídas pelo medo ao lado dos atores Elias Andreatto, Kiko Guerra e Taumaturgo Ferreira, em bons momentos de suas carreiras. Vandi Zaquias, violento e visivelmente agressivo, não precisa mostrar o rosto para marcar uma presença forte no filme. No final, o próprio público interpreta a violência a seu modo, simbolizada no filme. Shock vem recebendo os maiores elogios da crítica especializada e do público, sendo, inclusive, negociado para a rede de cable-tv dos EUA e do Canadá.
(Luís Henrique - Revista Fatos e Fotos)

SHOCK

um filme de Jair Correia

Argumento:

Jair Correia

Roteiro:

Jair Correia e Gertrudes Eisenlohr

Direção de Fotografia:

Tony Rabatoni

Música:

Palhinha Cruz do Vale, Renato C. Grosche,

Pedro Turin e Jair Correia

Trilha Sonora Original:

Palhinha Cruz do Vale

Direção de Arte:

Sérgio Reis

Maquiagem/Efeitos Especiais:

Jean Canova

Produtor Executivo:

Luis Carlos Dupont

Elenco:

Claudia Alencar, Aldine Muller, Elias Andreato,

Kiko Guerra, Mayara Magri, Taumaturgo Ferreira,

Silvia Mazza e outros

Direção:

Jair Correia

Uma fábula ou uma realidade? Um filme que até Hitchcock assinaria.
Graça Perri - Manchete

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